“No
dia do Sol todos nos congregamos... Porque nesse dia ressuscitou dentre os mortos
Jesus Cristo, nosso Salvador”. (São Justino).
De onde vem este nome?
São
João, no Apocalipse, é o primeiro autor sagrado que fala do “ Dia do Senhor”:
Eu, João, vosso irmão e companheiro na tribulação, na realeza e na perseverança
em Jesus, encontrava-me na ilha de Patmos, por causa da Palavra de Deus...” (cf. Ap 1,9-10a).
No final do século I a Didaqué
também faz menção deste nome: “Reuni-vos cada Dia do Senhor, parti o pão
e daí graças depois de haver confessado vossos pecados, a fim de que vosso sacrifício
seja puro”.
Qual é a origem do domingo? Estes mesmo textos citados demonstram que era
costume dos apóstolos assistir ao culto sinagogal, continuando logo com uma
vigília que se estendia até a madrugada do primeiro dia. Havia, pois, uma
justaposição do culto sabático judeu com o nascente culto dominical cristão.
O que se celebra neste dia? São Justino dá testemunho da consciência da
celebração semanal da Páscoa da Igreja nascente: “nos reunimos no dia do sol,
tanto porque é o primeiro dia em que Deus Criou o mundo, como porque nesse
mesmo dia Cristo, Salvador, ressuscitou dentre os mortos”.(Ap. nº 67)
Quais as característica do domingo
Cristão?
A Aspersão
– recordação da incorporação batismal no mistério de Cristo.
A celebração da Eucaristia e a obrigação de
assistência à mesma.
Qual é a significação teológica do domingo na
tradição cristã? Podemos considera-la em três aspectos, a saber:
O dia da Ressurreição – Aspecto Comemorativo:
Nos primeiros séculos do cristianismo, a Páscoa foi
a única festa que se celebrou em toda a Igreja a sua celebração foi semanal.
Concretamente, no domingo. A primazia do domingo sobre os demais, como
comemoração anual, apareceu bem mais no século II. São inumeráveis os
testemunhos da celebração dominical da Páscoa. Santo Inácio de Antioquia
recomenda festejar o oitavo dia “Porque
nele Jesus ressuscitou dentre os mortos”. Tertuliano dá ao domingo o
nome de “Dia da Ressurreição”. Posteriormente, São Jerônimo, Santo Agostinho e
outros remontam aos apóstolos a instituição do domingo como “a celebração
semanal da Ressurreição”.
O dia da vinda do Senhor – Aspecto escatológico.
O elemento escatológico é essencial na fé e na vida
cristã. “ A Igreja, nos ensina o Concilio Vaticano II, a que todos temos sido
chamados em Cristo Jesus e na qual, pela graça de Deus, adquirimos a santidade,
não será elevada à sua plena perfeição senão quando chegar o tempo da
restauração de todas as coisas” (At 3,21) e quando o gênero humano, também o
universo inteiro, que está intimamente unido com o homem por ele alcançar seu
fim, será perfeitamente renovado. (cf Ef
1,10; Cl 1,20 e 2Pd 1,10-13).
Isto é o que professamos todos os
domingos na recitação do credo: “... de novo há de vir julgar os vivos e os
mortos (...) Cremos na ressurreição da carne e na vida eterna”. (Cf. Profissão
de fé).
Como se vê esta ansiosa espera da
Igreja da vinda definitiva do Senhor tem lugar, de maneira especial, na
celebração litúrgica do domingo, chamado também o “oitavo dia”, quer dizer o
dia que segue ao tempo, o dia eterno “que não conhece o ocaso”.
O dia da presença do Senhor – Aspecto Significativo.
A celebração dominical de Cristo ressuscitado
atualiza em nossas existências sua presença e seu ministério salvífico. A
constituição Sacrossanctum Concilium sobre a liturgia, no nº 7, nos mostra os
vários modos da presença de Cristo e de seu ministério na Celebração
Eucarística. Desta maneira se vê claro que o domingo é o dia da presença do
ressuscitado. É o “aqui e o agora” da festa cristã.
Através dos distintos elementos da celebração
dominical, se fazem presentes, no meio de sua Igreja, o Senhor Ressuscitado e
seu mistério salvífico pascal.
Qual é o elemento determinante do dia do Senhor?
Assim como o domingo se caracteriza,
antes de tudo, pela reunião da comunidade eclesial para escutar a palavra de
Deus e participar da Eucaristia (SC nº 106), a santificação do domingo com a
Eucaristia não é algo imposto à vista do cristão, por um preceito da Igreja,
mas que é um elemento constitutivo e determinante do Dia do Senhor que é por
ele mesmo o dia da comunidade.
O domingo é o dia da fraternidade
cristã:
Foi nesse dia que São Paulo quis que
se fizesse uma coleta em favor dos irmãos da Igreja de Jerusalém. E segundo o
testemunho de São Justino era também nesse dia que os fiéis ajudavam aos irmãos
mais necessitados. A Assembléia Dominical convoca todos os fieis para reunir-se
em comunidade de irmãos, testemunhas do
ressuscitado. A Eucaristia – sinal e origem da unidade – os ligava uns aos
outros com um laço profundo: a vida de Cristo.
Por isso não foi difícil compreender porque desde o principio foi constituído
este dia como o dia da caridade fraterna.