sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Uma pequena formação sobre a importância dos Salmos na Celebração Eucarística





A Igreja faz dos Salmos as entranhas da liturgia e do ofício divino, e, assim, a linha sálmica sempre foi considerada fundamento da oração cristã, consciência que se desenvolveu mais ainda com a reforma litúrgica do Concílio Vaticano II. Nos salmos se encontram todas as vicissitudes da vida, desde os brados de angústia, de aflição, de fracassos e de prantos, até os felizes hinos de glória, de exultação, de vitória, de reconhecimento, como também de admiração e de contemplação das maravilhas de Deus.



1. SENTIDO CRISTOLÓGICO DOS SALMOS
 
A liturgia, em sentido orante e pedagógico, tendo como centro o Mistério Pascal de Cristo, emprega o salmo, sempre, em dimensão cristológica. Vê-se, pois, que os Salmos trazem um teor profético e messiânico, na direção de Cristo e que gravita em torno dele.

O fundo cristológico dos salmos segue uma dupla direção. A mais frequente é a chamada cristologização de "baixo para cima", ou ascendente, ou seja, na voz do autor sálmico, percebe-se a voz de Cristo dirigida ao Pai. No homem perseguido, caluniado e aflito, a liturgia como que ouve o Cristo padecente, o Servo de Javé, em sua situação de humilhação e de despojamento. É o caso, por exemplo, do salmo 21(22).

Já a outra linha segue uma direção descendente. É a cristologização de "cima para baixo". Cristo já não é, aqui, considerado embaixo, na condição de servo, mas em cima, em sua glorificação. A voz então que se ouve no salmo é a da Igreja, ou do fiel, que se dirige a Cristo. Cristo é, então, não sujeito, mas destinatário, objeto do salmo. Santo Agostinho, unindo as duas perspectivas, diz: "Psalmus vox totius Christi capitis et corporis", isto é, o salmo é a voz do Cristo Total, Cabeça e Corpo.
 
2. OS SALMOS NA LITURGIA
O salmo, na missa, faz parte integrante da liturgia da palavra, não podendo por isso ser omitido. É prolongamento da palavra bíblica, em sentido lírico-meditativo, tendo portanto o mesmo valor da palavra de Deus. É também canto de repouso e de meditação. No exercício de seu ministério, o salmista deve, pois, cultivar a espiritualidade sálmica, revelando familiaridade com a dimensão orante do salmo e como que encontrando nele a sua própria voz e seu próprio sentimento.
Na liturgia, o salmo tem os nomes de "Responsorial", de "Salmo", simplesmente, e também de "Cântico Bíblico". Este último, não sálmico, como é o caso do cântico de Moisés (Ex 15) e do cântico de Isaías (Is 12), usados na Vigília Pascal do Sábado Santo, como exemplo. Mas há ainda outros cânticos bíblicos, não sálmicos, e que na liturgia entram também como textos de salmodia.




SALMODIA - MANEIRAS DE CANTAR, RECITAR OU REZAR OS SALMOS


Nas diversas maneiras de salmodiar, leve-se em conta, sempre, o caráter musical dos salmos. Estes, como ensina a Instrução da Liturgia das Horas, "não são leituras nem orações compostas em prosa; são poemas de louvor" (IGLH 103).

Diversas, pois, são as maneiras de salmodiar: a forma direta, a responsorial, a antifonal, a coral e a interiorizada.

a) Forma direta: É aquela em que não se intercala antífona.

b) Responsorial: Esta forma é de origem judaica, com a resposta da assembléia, como se usa sempre na missa. O salmista canta ou recita, no início, a antífona, com a qual o povo responde, na mesma tonalidade. Depois, o salmista prossegue cantando ou recitando as estrofes, intercaladas com a antífona, aqui repetida somente pela assembléia.

c) Antifonal ou alternada: Já esta forma é de origem monástica. Consiste na inserção, entre as estrofes, de uma antífona, em dois coros.

d) Coral: Consiste esta modalidade em cantar ou recitar o salmo, alternadamente, pelo coro, em duas partes: uma de pé, e outra assentada, alternando-se também a postura corporal.

e) Interiorizada: Esta maneira de salmodiar é um costume antigo. Favorece a dimensão contemplativa do salmo. Durante a execução da salmodia, costuma-se ficar assentados, e, depois do salmo, todos se ajoelham, ou prostram-se por terra, invocando cada um dos participantes por si mesmo a misericórdia divina, no mais profundo silêncio.

Prevaleceu nas Celebrações a forma responsorial. Nas diversas formas indicadas - diga-se - é preciso atender ao gênero literário do salmo, ou seja, suas qualidades literárias e históricas, como também sua musicalidade. Na liturgia, propõe-se que o salmo seja sempre cantado. Na impossibilidade do canto, seja então recitado, dada a sua qualidade poética, e não simplesmente lido, como tantas vezes acontece. As antífonas e os títulos servem para favorecer a tonalidade peculiar e a hermenêutica tipológica e festiva dos salmos.

Vale ressaltar que o Salmista deve evitar coisas esdruxulas como fazer gestos para a Assembléia e pior ainda, gesto de reprovação caso a Assembléia não o acompanhe.  A pergunta é: por que a Assembléia não canta? Uma das respostas é porque a melodia utilizada não fica clara, dado que muitos salmistas assumiram uma postura de fazer do Salmo uma mera apresentação de seus dons musicais. Melodias simples e fáceis de cantar tornam o Salmo mais participativo.


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