sexta-feira, 26 de abril de 2013

Anseios para o Sínodo - A formação do Povo de Deus



O Concílio Vaticano II, atento aos sinais dos tempos, apresentou a visão da Igreja acerca da atuação dos leigos. Fala-se desde então de um protagonismo dos leigos. No entanto, a distinção quase antagônica entre o Povo e o Clero em determinados lugares e setores tem se tornado cada vez mais acirrada.
Sendo de suma importância no anúncio do Reino de Deus, o Povo de Deus tem direito a uma sólida e bem articulada formação teológica em vista de uma empenhada ação pastoral. Essa formação não é em vista de um arcabouço teórico sem via e sim em razão de uma nova ação do mundo que traz em si sinais de vida e de morte diante dos quais os cristãos devem ter clareza de consciência e coragem. Formar o Povo de Deus é dar a este povo a força para fortalecer e renovar as interações sociais, dinamizar o anúncio do Evangelho, aconselhando, acompanhando para que na verdade da fé alcance a maturidade no mundo.  Estes objetivos devem ter como luz a pedagogia bíblica que  não consagrava o academicismo, mas lidava com a definição e resolução de problemas pastorais em seus aspectos doutrinários e práticos, de modo a produzir uma conduta digna de Cristo. Isso pressupõe familiaridade com a Palavra de Deus, submissão a ela e aptidão para expô-la de maneira contextual e relevante mediante o uso dos recursos disponíveis.
É necessário afirmar que os recursos necessários para a Formação do Povo de Deus são a Palavra de Deus, o Espírito de Deus e o próprio povo de Deus capacitado pelo Espírito. Esse processo de formação é entendido como intelectual por promover a compreensão da Palavra de Deus e à luz da mesma compreender nossa realidade pastoral. É também espiritual, porque se entende como fruto da ação do Espírito Santo de Deus que promove a mudança de vida. E é ainda comunitária por ser expressão da identidade do Povo de Deus que deve ser conduzido conscientemente evitando que ações individualizadas que podem até surtir algum efeito, mas por ser individualizada não tem muito tempo de duração.

Dificuldades, Necessidades, Limitações e Desafios

Quais são as dificuldades neste processo formativo?

1.      O fato de estarmos em uma crescente de informatização social, não quer dizer que estejamos em uma sociedade informada. Pelo contrário, temos assistido uma confusão ideológica que gera improvisação, marginalidade e luta desesperada pela sobrevivência.

2. O naufrágio de algumas utopias tem gerado um vazio existencial e consequentemente um conformismo social. Neste contexto, o discurso ideológico corre o risco de não ser capaz de contornar este vazio e perder suas referências.

3. Um profundo relativismo ético que tem atingido a sociedade, encontra-se também dentro da Igreja. Este relativismo tem atingido a identidade da Igreja de modo que vemos o risco de uma redução a uma religião de marketing que aceita sem nenhuma crítica o que lhe vem imposto do mundo, adequando-se a ele. Ou um Catolicismo Self Service no qual cada paróquia vive sua própria Igreja.

4. Um sentimentalismo religioso tem domesticado a razão. Como consequência disto, a meditação teológico se tornou perda de tempo tanto para os candidatos ao sacerdócio quanto aos fiéis.

5. Um protestantismo católico no qual padres tendem a tornar a Missa um tipo de culto evangélico, diferenciado apenas pela presença da Eucaristia. Isto faz com o que o Povo desconsidere qualquer iniciativa em vista de sua própria formação.

Muitos outros desafios poderiam ser apontados, mas estes nos são já suficientes a título de contextualização.

Objetivos:

Qualquer projeto formativo do Povo de Deus deve ter os seguintes objetivos:

(1) Promover o amadurecimento da Fé que deve ser expressa na comunhão regular com Deus, expressa na escuta e meditação da Palavra, na vivência comunitária, alimentada pelos Sacramentos e demonstrada no serviço ao mundo, do qual o Cristão deve ser evangelizador

(2) Alimentar o reconhecimento da necessidade de uma vivência de fé em comunidade, alimentada pelo perdão e pela experiência do amor de Deus.

(3) Ter em vista a missão em um mundo muito necessitado de paz, de pão e de Deus.

Propostas:
Em vista de uma prática pastoral efetivamente libertadora, capaz de tocar o coração das pessoas pela força do Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo, a deve estar atenta para a formação dos seus agentes e do Povo de Deus por inteiro. O fundamento desta formação é a própria Palavra de Deus
1. Igreja que escuta a Palavra de Deus e a anuncia
A acolhida da Revelação por meio das Escrituras, o anúncio da Palavra de Deus, balizada pela sadia Tradição e a sua interpretação feita pelo Magistério da Igreja, constitui os pilares essenciais de fé da Igreja. A Palavra de Deus deve estar presente na vida das comunidades alimentando a fé, a esperança e a caridade, enchendo de luz a nossa vida e nosso cotidiano, conferindo sentido aos sofrimentos, energia e inspiração para os desafios. À Palavra de Deus corresponde o ministério da Palavra, como a Catequese, a formação bíblica de maneira organizada, os grupos de catecumenato, a espiritualidade bíblica, etc.                                                 
É grande a preocupação da Igreja Católica em favorecer o acesso dos seus fiéis à Palavra de Deus, não apenas fazendo campanhas para que seus fiéis comprem a Sagrada Escritura, mas oferecendo algo mais, uma leitura orante para que a vida seja lida à luz da Palavra de Deus. Por isso, em seu Plano de Ação Evangelizadora, a Arquidiocese da Paraíba decidiu dedicar este ano à Palavra de Deus. Ressaltando o fato de que a preocupação acerca da Palavra não é de apenas um ano, mas de sempre. Sete linhas de trabalho foram apresentadas no que corresponde a uma vivência mais profunda e organizada da Palavra de Deus.                                                                                                

1.1. Organizar a Pastoral Bíblico Catequética;                                                                                                                                                                                                                                                                                 
Esta linha de trabalho visa formar animadores e ministros para a catequese bíblica. Para alcançar este objetivo, a Arquidiocese da Paraíba deseja criar Escolas Bíblico-Catequéticas em suas nove regiões. Promovendo assim, estudos bíblicos, através dessas escolas, Círculos Bíblicos, encontros e meios de comunicação. Urge para isto, a necessidade de uma Coordenação a nível de Arquidiocese e o apoio ao Cebi.                  
 A formação Bíblico – Catequética também visa preparar em nossas paróquias as pessoas, de uma forma especial, os catequistas para que tenham um melhor aporte para a Catequese sacramental. Para isso, pensa-se a unificação dos roteiros catequéticos utilizados para o Batismo, Crisma, Primeira Eucaristia e Perseverança.      É comprovada pela história a força evangélica dos leigos na Arquidiocese da Paraíba. Homens e mulheres que fazem de sua vida uma entrega ao serviço do Evangelho nas diversas comunidades por meio das ações litúrgicas e da catequese. A esta boa vontade e disponibilidade evangélicas destas pessoas terminam por esbarrar nas poucas oportunidades de formação, nas dificuldades relativas aos subsídios para catequese e despreparo para as funções litúrgicas. É verdade também que algumas iniciativas louváveis já se encontram em nosso meio como a Escola Ministerial, o curso de Teologia Pastoral, a Escola de Fé e Política, o Catecumenato, os pequenos círculos da Palavra espalhados por nossas regiões, mas é igualmente verdadeiro o fato de termos a necessidade de aumentar o seu arco de atividades.                                                                           
 Desta formação carente vem um grande desafio para a Arquidiocese da Paraíba, porque devido à pouca formação ou informação, muitos de nossos irmãos e irmãs, sobretudo os mais simples terminam por sucumbir diante das investidas daqueles que utilizam a Sagrada Escritura não como instrumento de anúncio do Evangelho, mas como um meio de criticar, confundir e condenar. É nosso dever como Igreja colocar a Bíblia na mão do povo. E esta afirmação é muito mais densa do que iniciar campanhas para comprar Bíblias em longa escala. Se não contentarmos com isto, deixaremos o nosso povo na mesma situação do Eunuco apresentado nos Atos dos Apóstolos, que embora tivesse o texto nas mãos não conseguia entender. Colocar a Bíblia na mão do povo deve ser o primeiro passo para em seguida coloca-la nos seus corações, conduzindo o nosso povo a uma vivência madura da fé em Cristo mediante os Sacramentos e o dia a dia. Como então faremos isto? Este é o desafio e estas são as pistas de ação:

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