sábado, 30 de março de 2013

O Pastor e a Solidão



Em Cristo Jesus, aquele que venceu a morte e traz em suas mãos as chaves do Hades, a humanidade foi reconciliada e pacificada no amor. Ele é o novíssimo homem que ergue o mais perfeito louvor ao Pai. Nele somos reintroduzidos na casa paterna. Sua vida nos garante que quando decidirmos voltar para o Pai, o encontraremos disposto a perdoar, pois Jesus nos revelou o amor do Pai e neste, o mais ardente desejo é o de que todos entremos em casa para a festa que marca a retomada da vida e o reencontro com o que somos de fato diante de nossos olhos e dos olhos de Deus.       
 Sua vitória sobre a morte nos libertou da terrível relação entre morte e pecado. Nele, a morte não é mais punição, mas encontro, volta para casa. Desta forma, nesta terra, somos todos estrangeiros em busca da nossa pátria definitiva. Todavia, há no ser humano um desejo de realização e esta tem inicio aqui. Por isso, estendemos nossas vidas na direção dos outros, tecendo laços profundos de amizade, amor, ternura e compaixão. Estamos envoltos em outras vidas que alegram o nosso existir e colocam sorrisos largos em nosso rosto. Mãos se encontram, sonhos são partilhados e buscados juntos. As tardes se põem diante dos olhares encantados daqueles que estão entrelaçados no Amor. Precisamos de outras pessoas para adentrarmos o mistério de nosso ser e de nossa jornada nesta terra. Precisamos de palavras acolhedoras e firmes que nos ajudem a interagir com os dramas tecidos ao longo da vida.                              
 Todavia, por mais consistentes e sinceros que venham a ser as relações aqui firmadas, em um determinado momento, desejemos ou não, tudo aquilo que realizamos aqui, cai no passado e de repente, as areias da ampulheta de nossa vida se esvaem e fechamos os olhos para este mundo. Quando isto ocorre, não importa a intensidade do amor que nos uniu a outros. Iremos sozinhos! Não interessa os planos que não se concretizaram, os dias que foram desperdiçados, tudo se esvai e nenhum daqueles que amamos nos acompanhará na travessia do vale tenebroso da morte (Sl 23,4).                   
  Mas é aqui, onde nenhum seguimento de nossos passos é possível, o ponto onde nossos olhos se abrem e nos deparamos com o BOM PASTOR, aquele que por ter as chaves da morte, é o único capaz de nos mostrar o caminho que leva para os prados e campinas verdejantes (Sl 23, 1-2), onde nenhum sonho morre e o que era temido como solidão se expressa como encontro com o eterno e eternização de tudo o que aqui, de bom vivemos e construímos na expectativa feliz do reencontro com todos os que conosco nesta terra lançaram os fundamentos da eternidade feliz.

Toda a temática relativa ao Tríduo Pascal pode ser encontrada por completo no nosso trabalho Jesus de Nazaré e a Maldição da Cruz.

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