sábado, 30 de março de 2013

Jesus: um inimigo do Poder - Parte III



Na esfera de um processo político contra Jesus percebemos dois momentos: o primeiro baseado em supostos fatos político-subversivos de Jesus, e o segundo em base à oposição religioso-política que representava Jesus em relação a Roma. Lucas 23,2 encontramos o primeiro momento que corresponde ao político- subversivo: “Encontramos este homem subvertendo nossa nação, impedindo que se paguem os impostos a César e pretendendo ser Cristo Rei”. O Evangelho de João 19,12-15 confirma: “aquele que se faz rei opõe-se a César…”. Estas acusações tem a intenção de mostrar Jesus como um homem perigoso e que deve ser parado por Pilatos. Vale ressaltar que no debate sobre o tributo a César, Mc 12,13-17, Mt 22,15-22 e Lc 20,20-26, Jesus se exime das questões políticas. Em relação a ser Rei, ele afirma que seu reinado não é desta terra, afastando sua pregação de conotações políticas. Diante das acusações, Pilatos não vê nada em Jesus que seja perigo aos romanos. (Jo 18,30). O Jesus que anuncia que seu reino não é daqui, não foi visto como ameaça por Pilatos (Jo 18,33). Ao que nos parece as palavras do povo: “se soltas este homem, não és amigo do Imperador, porque quem se faz rei se declara contra César” (Jo 19,12), é que levaram Pilatos a supliciar Jesus de Nazaré (Jo 19,16) A fraqueza de Pilatos mostra que não há uma lógica na condenação de Jesus e assim Vemos que o julgamento é sobre a mediação. O processo contra Jesus é um processo contra o mediador, mas é realizado para defender uma mediação e isso é feito em nome de um deus. Inequivocamente, o processo contra Jesus é também contra o seu Deus.
Os dois mediadores são Jesus e Pilatos e as duas mediações são o reino de Deus e o Império romano. Por trás dos mediadores e das mediações estão a luta de duas divindades: o Deus de Jesus e o deus de Pilatos, o imperador César. Os próprios Evangelhos afirmam que não se pode ser amigo de Jesus e de César ao mesmo tempo, pois todo rei se opõe a César (Jo 19,12). É preciso escolher entre dois senhores. Como era a relação de Jesus com o poder político é algo que não encontramos desenvolvido nos Evangelhos e isto nos faz perguntar onde reside o perigo que Jesus representou para o império porque estamos diante de um embaraço. Se Pilatos vê Jesus como inocente a ponto de tentar soltá-lo, porque a pressão popular o convenceu a condenar Jesus se sabemos que neste período do ano em Jerusalém se aumentava a quantidade de soldados romanos o que sufocaria qualquer tentativa de rebelião. A resposta não é complicada. A partir do Religioso se mexe e se abala os alicerces de uma sociedade e isto ganha mais consistência quando vemos que em lugar de Jesus um líder religioso, solta-se Barrabás, um rebelde político. Uma ideologia libertária pode ser tranquilamente suprimida por um ideal religioso, o que não podemos falar no caso inverso. Por isso, Jesus é mais perigoso para o Império do que Barrabás, que era ladrão e assassino.  A concepção de Deus, fruto de uma experiência profunda dele é a causa da condenação de Jesus e esta repercute no campo político o que faz de Jesus uma ameaça. O reino não se instalará através do poder, por isso Jesus não participa de nacionalismos religiosos exaltados nem de teocracismos político como o dos zelotas. O reino será de verdade, justiça e amor e será instalado, diferentemente da expectativa de todos os outros grupos, pela graça. Os processos religioso e político são frutos de uma perseguição a Jesus por sua forma de apresentar Deus em relação ao reino e seus destinatários. O anúncio do reino de Deus da forma como Jesus fazia, incomodava as estruturas estabelecidas pelos dirigentes da sociedade (Mt 6,33;18,3;19,23; Mc 10,23-27; Lc 18,24-25). O fato de Jesus se aceito entre as camadas mais simples e populares gera horror da autoridades religiosas frias e insensíveis frente aos sofredores e pobres, sobrecarregados com o peso da exclusão religiosa. Jesus devia ser eliminado por ter atacado os opressões naquilo que havia se tornado o mais terrível mecanismo de aprisionamento: a religião. Ao atacar os opressores, coloca como defensor das vítimas de uma religião que em vez de libertar prendia e em lugar de religar, separava ainda mais!






 

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