terça-feira, 26 de março de 2013

A face oculta de uma polêmica


A história, os homens, muitas vezes o próprio Cristianismo deixa encoberto sobre uma sombra a verdadeira imagem de Jesus. Para muitos, Jesus é o milagreiro que Herodes queria ver manifestando seu poder sobre a natureza ou sobre os demônios (Lc 23, 8), para outros é um tipo de Sócrates, mestre da Sabedoria nos moldes gregos como se fosse apenas um exemplo moral a ser seguido. Outros como Pilatos, o veem como um coitado que foi vítima de uma maquinação invejoso porque seu jeito simples atraía a atenção das multidões. Em outra vertente, há quem veja Jesus como o um líder político carismático que a exemplo de outros, tentou propor um mundo novo e foi executado em nome disto, neste sentido, um exemplo de coerência e princípios. 

Essas imagens não são capazes de expressar a totalidade do evento Jesus, e também não pretendo propor uma imagem que seja a mais perfeita, no entanto, alguns sinais podem expressar algumas características deste Jesus tão rico e singular. Em Mc 3, 1-6, percebemos que Jesus despertou a ira dos religiosos do seu tempo por fazer curas em um dia de sábado, coisa impensável para os judeus porque o sábado é o dia dedicado ao Senhor, nao sendo permitido nenhum trabalho. A polêmica sobre o sábado se estende e os relatos evangélicos registram sete curas realizadas por Cristo no sábado. (Lucas 4,33, 38-39; 6,6-10; 13,10-17; 14,2-4; João 5,5-10; 9,1-14). Todas as curas e sinais realizados aos sábados despertam uma rejeição a Jesus que é visto como transgressor da Lei. Esta é uma acusação religiosa contra Jesus! Se você que ler as Escrituras acreditar nelas como eu acredito, terá que admitir que isto revela algo importante sobre Jesus. Em Mt 23, encontramos a mais contundente crítica de Jesus aos fariseus, um dos grupos mais significativos da religião de seu tempo e aos escribas: chama-os de hipócritas e invoca contra eles o mais severo julgamento e ainda por cima os associa com o inferno. Critica o apego que eles têm ao ouro, à oferta sobre o altar, insensatos e cegos concluindo sua severa reprimenda afirmando que eles não terão como fugir do inferno.  

Por fim, Lc 15, 1-2, temos a grande ruptura de Jesus com um estilo de Religião que não religa nenhuma relação rompida! E os fariseus reagem severamente: “Os fariseus, porém, e os mestres da Lei criticavam Jesus: ‘Este homem acolhe os pecadores e faz refeição com eles.’” (Lc 15, 2). Como se não bastassem todas estas coisas, na parábola do Bom Samaritano (Lc 10, 30-37), Jesus suscita o inimigo religioso dos judeus como exemplo na expressão da caridade que fundamenta sua própria ação. Estes relatos podem levar você, apressadamente a ver em Jesus, o amigo dos pecadores e publicanos, que os acolhe e faz ceia com eles. Na verdade o é. Todavia, a amizade com os pecadores não é uma amizade com as minorias como querem alguns, posto que os pecadores, os excluídos pelo regime religioso eram muitos. Não representavam a minoria da população do seu tempo. Jesus neste sentido nunca andou com as minorias porque as minorias representava os detentores do poder. A ótica de Jesus é outra! Jesus se colocou ao lado da maioria, desde o instante em que José e Maria partem para Belém, temos Jesus contado com os outros, um entre os outros, aos olhos do mundo! Como a maioria, seus pais devem se submeter ao capricho do imperador e seus representantes. A minoria do tempo de Jesus era o grupo que se mostrava satisfeito com a dominação e até era conivente com ela, a rejeição da minoria é que faz Jesus se deixar batizar por João Batista em um rito que ocorre às margens da religião oficial do seu tempo!

Na acolhida dos pecadores, é necessária outra afirmação. Jesus os acolhe porque todos estão feridos pelo peso da exclusão, como a mulher de Jo 8. Pobres que se veem como miseráveis perante Deus e que são reerguidos, têm as esperanças renovadas por Jesus e tudo isto, porque Deus é Pai e somos todos irmãos como aprendemos da oração que Jesus ensinou. São todos acolhidos por Jesus, entretanto em nenhum caso, Jesus é conivente com o pecado. Em Jo 8, defenda a mulher que é vítima dos falsos juízos, faz o julgamento se voltar contra os falsos juízes, e no final exerce sua misericórdia ao dizer que não condena a mulher, no entanto, condena o pecado ao dizer para a mulher que ela não peque mais (cf Jo 8, 11) Outro texto que pode exemplificar nossa opinião é Jo 5, 14. 

Imagino Jesus caminhando entre as pessoas e escutando o que elas tem a dizer, sorrindo, escutando e aconselhando, avesso à glória dos homens e feliz por mostrar um caminho novo a todos os que o procuram. Prefiro ver Jesus como o amigo dos pecadores a ver Jesus como o acolhedor das minorias porque em nossa sociedade como na de Jesus, as minorias tem direito a tudo enquanto a maioria vive à margem, sem sonhos e com o peso do dia sobre os ombros!


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