quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Não tenha medo! Passando a limpo algumas "profecias"






A renúncia de um Papa embora seja prescrita pelo Código de Direito Canônico, não é algo que faça parte de nosso contexto, a última vez que isso aconteceu foi em 1415, portanto há quase 600 anos. Sendo algo estranho a nós, torna-se terreno fértil para o surgimento de profecias.
A Igreja nunca obrigou ninguém a acreditar em nenhuma dessas profecias, nem nas aparições de Nossa Senhora, por exemplo.  Em meio a essas dificuldades, e à sombra do medo que envolve as pessoas, passaremos a limpo algumas dessas profecias para percebermos que não se concretizaram e não se concretizarão, ou em alguns casos, as informações populares não condizem com o que a Igreja assumiu como sendo verdadeiro. Vejamos:
1 – Garabandal – Norte da Espanha. Aparições de Nossa Senhora para quatro meninas entre 1962-1967.
       Nossa Senhora falou para as crianças, que após aquele viriam apenas mais três papas e que o último deles prepararia a 2ª vinda de seu Filho.
Façamos as contas: O Papa do tempo do início das aparições (1962) era João XXIII, depois veio Paulo VI, após veio João Paulo I, e pelas contas, o último teria sido João Paulo II! Seguindo o relato da Aparição, a vinda de Cristo coincide com o surgimento de um outro Papa enquanto o terceiro (João Paulo II) ainda estiver vivo. Nesse sentido, esqueçamos essa história porque João Paulo II morreu e não foi substituído em vida!
A Igreja nunca reconheceu essa aparição como sendo verdadeira.
2 – Fátima – Portugal – 1917.*
Os chamados segredos de Fátima, com certeza foram os relatos que mais colocaram medo no mundo porque a Igreja teria anunciado dois deles e o terceiro permaneceu em sigilo. Sabe-se que João XXIII e Paulo VI acharam por bem não se falar nada sobre esse segredo. O silêncio dos Papas alimentou a imaginação dos apocalípticos que associaram o terceiro segredo ao Fim do Mundo, mas em 27 de abril de 2000, João Paulo II revelou o Segredo de Fátima que ainda estava guardado, este dizia que um bispo vestido de branco cairá ferido de morte! Este sinal foi interpretado como cumprido uma vez que em 13 de maio (dia de Nossa Senhora de Fátima) de 1981, João Paulo II foi vítima de um atentado. Terceiro Segredo revelado, não há o que temer!
3 - A história da profecia de São Malaquias:
    Segundo conta a história, São Malaquias – da Irlanda – teria tido uma visão ao visitar o Papa em Roma, em 1139, que estava muito preocupado com os problemas da época. Malaquias teria passado a profecia ao Papa Inocêncio II, que se sentiu confortado ao ver que a Igreja ainda tinha muitos anos pela frente. A profecia teria, então, desaparecido e sido reencontrada somente em 1590, para ser publicada cinco anos depois.  Sua profecia  trata de uma lista em latim que descreve a existência de 111 papas desde 1143 até o último, com pequenos nomes latinos atribuídos aos papas.  As últimas seis descrições da lista de São Malaquias são:
1º - Pastor et Nauta (Pastor e Navegador) (106º)- João XXIII foi pastor de ovelhas quando criança e foi Patriarca da Cidade de Veneza, uma cidade onde é preciso movimentar-se através de pequenos barcos.
2º - Flos Florum (Flor das Flores) (107º)- No simbolismo floral, a flor de lis é considerada a flor das flores, de acordo com A. L. Bocconi. No brasão de Paulo VI havia uma flor de lis e no de sua família, a família Montini, 3 flores de lis.
3º - Medietate Lunae (Lua de Neutralidade) (108º) - Apesar da expressão ter praticamente sempre sido interpretada como lua média ou meia lua, o sufixo tate indica que o termo é um substantivo abstrato. E apesar de eu não saber quase nada de latim, media pode significar também "neutro". Portanto, entendo que a insígnia: lua de neutralidade faz muito mais sentido. O Papa João Paulo I ficou somente um mês no pontificado, a duração aproximada do ciclo de uma lua. Em tão pouco tempo, naturalmente, não ocorreu nada, tendo sido uma "neutralidade". Significa, portanto, "trinta dias de neutralidade".
4º - De Labore Solis (Trabalho do Sol) (109º) - Esta insígnia já foi interpretada de várias formas. O Papa João Paulo II foi um Papa que viajou muito, como nenhum outro Papa, percorreu o globo várias vezes, como a luz do sol. O Papa é sinônimo de trabalho. Suas constantes viagens demonstraram isso. O Papa veio do leste, como poucos, onde nasce o sol.
5º - De Gloria Olivae (Gloria à Oliveira) (110º) - Diz-se que este Papa converterá muitos judeus, pois a oliveira é o símbolo de Jerusalém. A oliveira é também o símbolo da paz (que virá depois da guerra) e este Papa será um conciliador. Pode estar se referindo ao evento das duas oliveiras, as duas testemunhas do Apocalipse, em um momento que será dado "glória às oliveiras". Pode ainda ser um beneditino.
    Depois do nome De Gloria Olivae, a profecia termina com o seguinte trecho:
6º - Na perseguição final à  Santa Igreja Romana reinará Pedro o Romano, (111º) que apascentará suas ovelhas entre muitas tribulações, e depois disto, a cidade entre sete montes (Roma) será destruída e o juiz terrível julgará o povo".
Sobre esta profecia, o que há de estranho é o fato de que o Pontífice que alguns acreditam ser Bento XVI, deveria ter vivido num tempo de grande perseguição e em profundo diálogo em vista da conversão dos judeus, coisa que nós sabemos que não se realizou! Então deveremos admitir uma quebra da linha “profética” de Malaquias. Sobre esta profecia ainda queremos falar um pouco.
Para começar a tal "profecia" não foi publicada até 1595. Foi um monge beneditino que a incluiu em uma obra em latim (Lignum vitae, ornamentum et decor Ecclesiae, Veneza) em 1595. O monge chamado Arnaldo Wion não fez questão nem de dizer onde tinha encontrado, onde ficavam os originais e que provas tinha para confirmar sua veracidade. Apenas escreveu: São Malaquias "passa por ter escrito alguns opúsculos, mas dele não conheço mais do que uma profecia sobre os soberanos pontífices. Como é breve e não foi ainda impressa, a reproduzo aqui para satisfazer o desejo de muitos." Seu comentário sobre a profecia foi só isso. O próprio Wion se dizia "profeta".
O pobre monge deixou evidências de sua manipulação (ou seria fruto do seu inconsciente?). O monge Arnaldo buscou as informações dos papados passados em historiadores da época, o que não seria uma tarefa tão difícil.

Vejamos, por exemplo, sua cópia ao historiador Panvirini (ou Panvínio). Panvirini escreveu que Eugênio IV pertencia à ordem dos Celestinos, o que era errado, pois não foi celestino, mas agostiniano. Na profecia o monge copia também o erro: "Lupa celestina" que atribuiu ao Papa Eugênio IV. Panvirini tinha afirmado que João XXII era filho de sapateiro chamado "Ossa". Outro erro, pois, na verdade, o pai de João XXII não era sapateiro e nem se chamava Ossa, simplesmente pertencia à família Duesse (ou D'Heisse). Mais uma vez o monge copiou um erro: "de suture Osseo" (do sapateiro Ossa) atribuindo ao Papa João XXII.

Outra evidência deixada pelo monge Arnaldo foi que do pontificado de Celestino II (1143-1144 - primeiro da lista) até Gregório XIV (1590-1591 - provavelmente a "profecia" foi elaborada por essa época) os breves lemas são bem nítidos para o reconhecimento do Vigário de Cristo, como nome de família, de batismo, do título cardinalício e escudo de armas, enquanto em diante são cheio de enigmas, podendo ser aplicadas a qualquer outro Papa, muito subjetivos, ou seja, permitindo várias interpretações, mas não um reconhecimento objetivo como se faria com as anteriores. Uma forma esperta para fazer sua farsa sobreviver tanto tempo.

A Eciclopedia Cattolica, editada na Cidade do Vaticano em 1951, diz: “O caráter apócrifo resulta do exame da própria profecia, que deve ter sido escrita apenas alguns anos antes de sua publicação. Com efeito, de Celestino II [1143-1144 — primeiro da lista] até Gregório XIV os breves dísticos aplicados aos pontífices estão em relação com o brasão, ou com o nome da família, ou com o nome de batismo, ou com o título cardinalício ou com o lugar de origem do papa. De Gregório XIV em diante, pelo contrário, os dísticos tornam-se enigmáticos, e se alguns são apropriados, a maior parte permanece envolta em grande incerteza, muitos são absolutamente fúteis e só à força se deixam relacionar com a história real (cfr. Pastor)” (op. cit., vol. VII, col. 1885).

São Bernardo escreveu uma biografia sobre São Malaquias e não fez nenhuma menção sobre a suposta profecia. Seria algo esperado já que era seu amigo íntimo e São Malaquias viveu seus últimos anos no mosteiro dele, em Claraval.

 5 - Santo Anselmo:
    Há ainda outras profecias isoladas sobre Papas. Há uma antiga, atribuída a Santo Anselmo (séc. XIII), bispo de Sunium,  que diz algo como: "quando a letra K for adorada no Vaticano, virá desgraça à Itália". Alguns diziam ser referência ao Papa polonês João Paulo II, Karol Woytilla que apareceu sete séculos depois. Profecia fracassada já que João Paulo II foi sucedido no Papado sem que a Itália caísse em desgraça.


6 - Mago e profeta Merlim (Data ?):
    “Antes que o nascido em Jerusalém tenha 20 anos, o Oriente se inflamará entre o Eufrates e o Nilo e muita gente morrerá. Haverá um papa que não ousará ficar em Roma. Antes que o Papa morra, nosso Senhor fará com que ele sofra a vergonha de não poder se estabelecer em parte alguma. É necessário que os romanos saibam que este será o sinal de sua destruição".
Ainda que você me diga que 20 anos pode ser chamado de 20 séculos o que dá 2000, teremos que admitir que 13 anos se passaram e nada disso aconteceu. O Papa permanece morando em Roma e por onde anda é bem recebido.
 7 - Profecia atribuída ao anti-papa Nicolau V (escolhido papa em 12 de maio de 1328, no lugar de João XII, exilado em Avignon:
    “Um dia, dois discípulos ocuparão o mesmo trono. Nesta época, as terras serão queimadas por um sol doente e as orações dos dois apóstolos que estarão no mesmo trono, em Roma, não subirão mais aos céus. Durante a doença do sol, o ar também estará doente, como a água, assim como o coração do homem.” 
Podem esquecer essa também porque não teremos dois Papas no trono de Pedro. Isso se refere a um problema acontecido no medievo quando se disputou a autonomia do Papa e dois homens disputavam essa função. Bento XVI, ao renunciar não terá nenhum tipo de interferência na vida do outro Papa.
8 - Catacumbas Romanas (DATA ?):
      O Grande Pontífice será restabelecido pelo Grande Monarca (...) Haverá uma grande reforma em toda a Igreja de Deus e naqueles que levam a túnica e a tonsura. E será destruída a seita de Maomé”.  
Ao próprio Maomé, que viveu no século VII, são atribuídas algumas profecias que parecem reais. Sobre o islamismo, cujo símbolo é uma lua, Maomé profetizou:  "O Islã durará enquanto o homem não colocar o pé sobre a lua". O homem já pisou na lua, e o Islamismo não acabou...
9 - Monge de Pádua foram publicadas pela primeira vez em Veneza em 1527:
     "Homem de grande humanidade que fala francês" João XXIII (Papa de 1958 a 1963).      Ele falava francês e foi núncio apostólico em Paris antes de se tornar patriarca de Veneza, além de ter sido um homem de grande humanidade. Iniciou seu pontificado visitando prisioneiros em Roma e os pobres nos hospitais. Neste tempo: "A sombra do AntiCristo começará a obscurecer a Cidade Eterna"  Paulo VI (Papa de 1963 a 1978).
Em um discurso em 7 de dezembro de 1968, o Papa Paulo VI disse que "a fumaça de Satanás" tinha penetrado na Igreja por alguma fenda.
Também disse o Monge de Pádua: "O pastor da laguna; seu reinado será tão rápido como a passagem de uma estrela cadente."  João Paulo I faleceu um mês depois de sua eleição em 1978.
E mais: "Virá de longe e manchará a pedra com seu sangue"  João Paulo II
O Papa João Paulo II vem da Polônia (a grande maioria dos Papas é italiano) no entanto, a Pedra é Pedro conforme Mateus 16, logo, não há sentido, a menos que admitamos que se refere ao fato do atentado sofrido mostrar a fraqueza do homem que assumiu o Papel de Pedro.  Se essa interpretação fosse aceita, deveríamos dar o braço a torcer mas, quem interpreta essa profecia afirma que ela declara que o Papa seria assassinado. Assim sendo, nada aconteceu.
"Semeador de paz e de esperança em um mundo que vive suas últimas esperanças".
Para os interpretes, pela profecia de Pádua, esse seria o Pontificado de Bento XVI, marcado pelo reencontro com a Paz depois de um tempo de guerras. Estamos terminando esse pontificado sem que tenhamos enfrentado a guerra que geraria o esmorecimento das esperanças do mundo.
Resultado, nem João Paulo II foi assassinado, nem Bento XVI teve que conduzir a Igreja por um mundo envolto em uma guerra. Então vamos admitir que é falha!
"Ele chegará a Roma de uma terra distante para encontrar tribulação e morte".  
A possibilidade de um Papa de uma terra distante é sempre viável, e qual Papa não encontrou a Igreja em meio a tribulação e morte? Então não tem nada de novo aqui. Poderemos lembrar os Papas que no século XX enfrentaram as duas guerras, as revoluções sangrentas na América e eventos como a perseguição ao catolicismo em alguns países. Falar o óbvio não faz de uma pessoa profeta.  
10 Padre Pio
 Padre Pio profetizou ao então Bispo Karol Wojtyla: Um dia sereis Papa e vosso mandato terminará em sangue. Então se essa afirmação for verdadeira, Padre Pio também se equivocou.
Espero que eu tenha ajudado você e se souber de mais alguma dita profecia, mande para mim e eu terei a alegria de explicar!

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