sábado, 5 de maio de 2012

Homilia para o Quinto Domingo da Páscoa

Caríssimos irmãos e irmãs, estamos no Quinto Domingo da Páscoa e a Liturgia nos coloca diante do tema da Videira Verdadeira. O Evangelista João coloca um discurso na de Jesus, que, provavelmente, foi dirigido aos agricultores. Como eixo interpretativo para o Evangelho deste domingo temos a estrutura rural, com plantações, algo ligado à agricultura.
Em Ex 3,14, Deus se apresenta a Moisés como o Grande EU SOU! No Evangelho de hoje, Jesus começa seu discurso com o mesmo EU SOU, que é sinal de associação entre Jesus e Deus, ou seja, estamos diante de uma afirmação da divindade de Jesus.  Já em Jr 2,21 e em Is 5,1 YaHWeH, é comparado com um agricultor. Nesses textos, de cunho profético Israel é apresentado como a vinha que dá frutos, entretanto, estragados: transgressão do direito e violência (cf Is 5,7), são os aspectos negativos apresentados pelo povo de Deus. Quando Jesus se apresenta como a videira verdadeira, ele está se colocando em oposição a Israel que é uma videira ruim.
No Evangelho de João, O Pai é o agricultor objetivo em seus trabalhos, poda os galhos que produzem frutos para que produzam mais e corta os que não dão para que não atrapalhem a produção de frutos. Isto é muito lógico porque o agricultor sabe que se ele se recusa a cortar os galhos que não produzem frutos, toda a videira se compromete. Os ramos podem ser podados quando eles estão secos ou quando possuem brotos mas não produzem frutos. Esta poda garante que os ramos produtivos recebam a seiva, e assim a videira atinja o auge de sua vida produtiva, com frutos mais saborosos e em grande escala.
No Terceiro versículo temos a apresentação da Lei da Pureza. Agora, com Jesus é sua Palavra que purifica e não os rituais da religião judaica. Depois destes três pontos, encontramos no quarto versículo uma comparação: Jesus é a Videira, nós somos os ramos e as boas atitudes são os frutos que podemos produzir. E nesta comparação encontramos o coração deste Evangelho porque para que nossa vida seja produtiva, é preciso que estejamos unidos a Cristo. Esta união ocorre de duas maneiras, pela palavra que purifica e pela alimentação da seiva, é preciso que nos alimentemos da essência de Cristo, o que nos coloca portanto, dentro de um contexto Eucarístico. Temos assim em mais uma ocasião, a apresentação da centralidade da Palavra e da Eucaristia.
Podemos sintetizar a mensagem central do Evangelho no quinto versículo porque é preciso reconhecer que Jesus é a videira e nós os ramos, unidos a ele poderemos produzir frutos e mais ainda, somente nele é possível se produzir bons frutos, unidos a Ele e sem Ele, nada se pode fazer. Absolutamente nada! Interessantíssimo é que esta ideia é sustentada pela aparição do verbo permanecer que se repete sete vezes neste Evangelho. Como sempre acontece, o Evangelho apresenta também o outro lado, ou seja, o fato de muitos não serem capazes de produzir frutos, por estarem longe de sua palavra e não se alimentarem de sua palavra. Estes serão lançados fora, o que nos mostra uma vida sem finalidade, sem sentido e sem esperança. 
Muitos se perguntam quem nos dá felicidade, mas se recusam a aceitar a resposta e insistem em construir uma vida longe do senhorio de Deus. Esta falta de sentido em nossa sociedade, falta de sentido e de horizonte na vida de muitos de nossos irmãos e irmãs, é fruto da distância que muitos nutrem da presença de Deus. De onde vem a violência? De onde vem toda a insegurança? Não são frutos da ação de Deus, mas frutos da omissão dos homens e mulheres que embora falem e anseiam pela paz, não a buscam em sua fonte primeira! Se permanecemos em Cristo, poderemos pedir tudo ao Pai e Ele nos concederá! Esta verdade do Evangelho deste domingo deve nos incentivar a cultivar uma vida de oração. E oração tanto pessoal quanto comunitária! Este Evangelho é uma severa crítica a nossa conduta muitas vezes distante de Cristo, uma crítica a um Cristianismo de fachada, doente, alienado e alienador! É uma crítica e um convite para não nos esqueçamos jamais que através dos bons frutos de cada homem e mulher que permanece em Cristo é que o Pai é glorificado ou seja, os nossos frutos são capazes de fazer com que cada vez mais e mais pessoas passem a acreditar em Jesus, o Cristo e Filho de Deus.
Peçamos portanto e Cristo que nos fortaleça na fé para que busquemos sempre os frutos de paz e justiça, esperança e conforto para um mundo cada dia mais faminto de paz, de pão e de Deus.   

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