quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Contornando a superficialidade do pensamento

Teoricamente a política de cotas representa um absurdo porque somos todos iguais. Não há distinção entre as pessoas por conta de cor, religião ou gênero. Essa é a idéia que sustenta a pérola que circula pela internet:

"Você é a favor de cotas para negros no BBB?", questionou Bial. "Acho que não tem cota para nada, embaixo da pele é sangue, é tudo vermelho"

Com esta frase, o Brasil conheceu mais um herói. E a internet conheceu seu mais novo chavão. Valeria lembrar que este rapaz não fala por toda a população negra desse país, segundo, quero dizer que todos os que aplaudiram não conhecem nada da história desse país, e pelo que circula na net, só ele é negro nesse grupo. O debate sobre a adoção de cotas para estudantes negros nos vestibulares para universidades públicas é necessário e não tem sido tratado como deveria ser tratado. E com essa frase aí do destaque do BBB, só tenho mais certeza de que a Mídia tenta nos afastar dos debates verdadeiramente importantes. Estatísticas comprovam a décadas que o racismo é no Brasil um fator importante na qualidade de vida das pessoas de pele escura. Ou em outras palavras, a cor da pele tem sido fator importante. Isso não é de agora, isso vem de longe. E mostra que a teoria que abriu essa postagem não se confirma na realidade. O racismo é fruto de uma sociedade construída a partir de um padrão europeu, que historicamente, menosprezou os outros elementos que estão na base de nossa sociedade: o índio e o negro e que por isso, acolheu como padrão de inteligência e beleza tudo o que mais aproxime do estilo europeu. Que isso tenha sua razão de ser no passado, até que se admite porém, em uma sociedade totalmente globalizada como a nossa, isso é um anacronismo cultural que interfere na forma de se ver as coisas. Um argumento comum é que as cotas são na verdade racistas porque trazem nas entrelinhas a afirmação de uma inferioridade do negro. Entretanto, fazer essa afirmação é negar o tempo de racismo que essa nação já vivenciou e que ainda vive. É fazer com que pareça que os próprios negros fossem os inventores do racismo. O racismo não é de hoje e por isso não pode ser tratado como fosse algo de agora. A política das cotas não é perfeita e comete alguns equívocos, mas os erros cometidos na implementação das cotas, são poucos se comparados a outras políticas sociais focalizadas, como o Bolsa família, cuja eficiência deve ser analisada com mais profundidade e não apenas como trampolim político. Em determinados lugares se une ao critério racial, o social, evitando assim que uma “elite negra da classe média” seja a grande beneficiada como muitos acharam que poderia acontecer. Alguns dirão que essa luta dos negros é plágio de movimento americano, só que isso seria a declaração de não se saber nada da história de resistência do povo negro brasileiro, nunca leu nada sobre os negros e negras que levantaram a voz em favor de seus direitos. Creio que antes de aplaudir ou divulgar, determinadas coisas que aparecem em programas de televisão, deveria se refletir um pouco mais sobre determinados assuntos levando em conta toda a sua profundidade.
 

Um comentário:

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Queria dizer que...

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