terça-feira, 3 de maio de 2011

A Fé nos basta!

A Igreja no dia de hoje celebra S. Filipe e S. Tiago. Celebrar os Apóstolos é celebrar a graça de Deus que agindo na vida dos homens, os modelou à luz do Verbo, para que pudessem fazer de sua vida testemunho do Amor e da Justiça dos Céus. Celebramos também os pilares da Igreja. Foi o sangue dos Apóstolos que regou o chão fazendo brotar em nome de Cristo homens e mulheres coerentes a compor sua Igreja.
Os Apóstolos de Jesus são pedagogicamente demonstração de que nossa vida não está totalmente aperfeiçoada, nossa fé, ainda não é tão serena e madura. Estamos todos a caminho. E como povo em via de purificação, devemos reconhecer nosso estado e procurar o crescimento que só é possível mediante a total confiança na Palavra de Deus. A preocupação de Filipe, conforme o Evangelho de hoje consiste em ver o Pai. Senhor, mostra-nos o Pai, e isso nos basta! Em situações complicadas da vida, pode ser esta a preocupação de muitas pessoas que ansiosas desejam ver Deus agindo rapidamente em seu favor. Esta preocupação de Filipe pode ser a preocupação de muitos católicos que procuram missas espetaculares, nas quais o Mistério de Cristo Morto e Ressuscitado fica obscurecido pela imagem do padre que mais parece um show man,  numa negativa e terrível protestantização da Sagrada Celebração Eucarística onde anjos estão em cima do povo e em cima do altar, subindo e descendo em todas as direções (o que seria de uma insensibilidade enorme dos anjos perante o Mistério da Fé. Como padre me sinto incomodado só em imaginar que enquanto celebramos a Eucaristia os Anjos fiquem perturbando, fazendo barulho. Prefiro a imagem em silêncio dos nossos anjos atentos ao que se diz e se faz na Celebração, cantando conosco e exultando de alegria no Cântico do Santo). Pois bem, vejamos: O Evangelho de São João traz  inúmeros relatos nos quais Jesus fala sobre sua intimidade com o Pai, a ponto de se dizer UM com Ele. (Jo 10,30). Mas a Palavra de Jesus desperta curiosidade nos seus e estes agora, movidos pela curiosidade e também pelo desejo de presenciarem algo estrondoso, querem algo mais: a visão plena do Pai. Respondendo a eles, Cristo se revela: “Há tanto tempo estou convosco, e não me conheces, Filipe? Quem me viu, viu o Pai. Como é que tu dizes: ‘Mostra-nos o Pai’? Não há necessidade de uma teofania como as do Antigo Testamento, porque Jesus de Nazaré, é um com o Pai, é da mesma essência e por isso vive uma intimidade perfeita. Então estar com Ele é estar na companhia do Pai. Encontramos nesta passagem do Evangelho a concretização perante os discípulos daquilo que o prólogo já falara: A Deus jamais alguém o viu. O Filho Unigênito, que é Deus e está no seio do Pai, foi Ele quem o deu a conhecer (Jo 1,18). Este desejo de Filipe, que me permitam um avanço, é na verdade desejo de todos no grupo, é demonstração de que os discípulos ainda estavam com os ouvidos fechados para a Palavra de Deus. Quem não tem a quem ouvir, verá o que quer! A falta de atenção é o que leva Filipe a pedir para ver o Pai. Daqui aprendemos que devemos pedir a Deus a fé, confiando que Ele nos dará esse Dom. A resposta de Jesus consiste em um apelo para a nossa fé, "Há tanto tempo estou convosco...". Esta fé é como semente na terra e deve ir desabrochando até romper o chão de nossa vida, conhecendo o mundo onde vivemos, interagindo com o ar que respiramos e com tudo o que temos. A fé não é algo que se tenha de forma absoluta. Assim como a fé dos discípulos foi provada a nossa também deve ser.  Cristo deseja alimentar a nossa fé para que participemos com convicção de Sua missão, sem medos, com vigor! Anunciando aquilo que acreditamos. Não com meias palavras, ou por ocasiões, com Cristo ou se está ou não. É mentiroso o meio termo, não há católico não praticante, ou sim ou não. Muitos desejam ver o Pai, mas não conseguem se aproximar de Jesus, não querem se alimentar de sua vida no Banquete da Palavra e da Eucaristia. Procuram espetáculos e não se deixam envolver pelo convite da fé.
Jesus se apresenta como UM com o Pai, em um amor que não conhece limites (Jo13, 1). Não quer só para si o Amor divino porque nos abre para a possibilidade de obras tão grandes quanto as suas e até maiores, pois poderemos contar sempre com a sua mediação em meio a um mundo de muita "crença" e pouca convicção! Somos anunciadores de uma Esperança que deve modelar toda a nossa vida. E esta esperança repleta de Amor deve ser encarnada em nosso dia a dia de forma que o mundo vendo como nós nos amamos, creia que Cristo Jesus é o Senhor, o enviado do Pai, o Único capaz de mostrar o Pai, até então nunca visto! (Jo 1,18).

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