segunda-feira, 18 de abril de 2011

A Cruz do Senhor - parte III

O julgamento de Jesus é sinal da injustiça deste mundo, ao mesmo tempo em que é sinal de que Deus ama tanto o mundo que se submete a entregar seu filho nas mãos dos malfeitores para salvar os condenados que somos todos nós. Sem Jesus estaríamos todos condenados, ele é julgado por nós. Justo e santo, não teme o escárnio por conta de seu amor, uma vez que quanto maior é o amor, maior será a ferida da compaixão. Jesus se compadece de nós e por nós se entrega. Da parte dos homens há um jogo mesquinho de poder, em tudo no julgamento de Jesus vemos transparecer a força perniciosa do pecado que tudo corrompe, que tudo deseja para si que a tudo torna sujo! Assim são as autoridades que julgam o Filho de Deus! A hipocrisia das autoridades religiosas, a fraqueza de um político e a omissão de sua esposa que embora tenha dito que sofreu muito por conta de Jesus, manda que seu marido não se envolva. O Filho de Deus é julgado por malfeitores! E silencia pois o Pai aquele que fará justiça! A sua causa se encontra nas mãos do Pai! Enfim, o próprio povo condena Jesus. Escolhe Barrabás, isso demonstra a incapacidade que as pessoas tem se de livrarem de seu falso senso de justiça, porque Jesus é o profeta da Paz, Barrabas é o criminoso! E em uma sociedade violenta e prostituída somos muitas e muitas vezes tentados a acreditar que justiça se faz com as próprias mãos, é aí que apoiamos atitudes de execução sumária de jovens, começamos a dar o direito a uma minoria para que derrame sangue já que a justiça não acontece. Jesus, o justo, que é vítima da violência e da injustiça deveria nos despertar outro sentimento: diante do desejo dos homens em tirar a vida uns dos outros, deve prevalecer o mandamento da lei de Deus que nos diz ‘não matar’ como já bem falava Dom Oscar Homero. O povo Prefere o criminoso, a ele aclamam e condenam Jesus à morte de Cruz já que a exemplo dos nossos políticos, Pôncio Pilatos também não tinha identidade, nem coragem suficiente de enfrentar a multidão por conta da verdade que ele havia percebido uma vez que o evangelho diz que Pilatos sabia que Jesus foi entregue por inveja dos fariseus. Inveja sim, mas também medo. Medo de quem fala a verdade, porque muitos de nós não gostam de ouvir a verdade, gostam de receber elogios! Gostam dos títulos. A cruz é um escândalo. Todavia é o único fato do qual um cristão deve se gloriar (Gl 6,14). Como assimilar e até se gloriar de um escândalo? Isto só é possível se olharmos para a cruz como um evento da Trindade. É o Pai quem toma a iniciativa (2Cor 5,18). Esta iniciativa da reconciliação é concretizada pelo Filho e a prova de sua efetividade é o Espírito Santo (Rm 8, 1.6; 9,10). Por este motivo é que no Gólgota se realiza o único sacrifício de eficácia absoluta (Hb 7-9). Todos os demais sacrifícios neste se cumprem e são superados. No acontecimento da cruz fica patente que Deus não tolera o pecado. Ele não pode amar o pecado e o mal se encontra em total contradição com a natureza divina; Por isso, “Deus não pode perdoar o pecado sem expiação. A pura anistia é ignorância do mal, a qual diminui a gravidade do pecado ou mesmo lhe reconhece o direito de existência.” É essa ira divina encontrada em todo o Antigo Testamento que Jesus deve à plenitude em sua Paixão. Eis a outra face da moeda do amor, pois amar o bem não seria possível sem a Ira contra o mal e a injustiça.  A cruz do Filho é revelação do amor do Pai (Rm 8,32; Jo 3,16) e a efusão do sangue deste amor se realiza interiormente, mediante a efusão de seu comum espírito no coração dos homens (Rm 5,5).  

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